O home-office é só uma saída para continuar operando durante a crise ou uma oportunidade para rever sua estrutura de gestão?

Por Carlos Correa |


A crise forçou as empresas a permitir trabalhos a distância, o chamado ‘home-office’. Em alguns casos de forma mais natural e em outros por falta de opção.

Se observa uma tentativa de algumas empresas em manter os sistemas de controle, que foram desenhados para o trabalho local, nesse novo sistema de trabalho remoto. Desde o “controle do ponto” através do login em sistemas da empresa até o aumento do número de reuniões virtuais para tentar manter seus funcionários sob sua supervisão.

Se dividirmos sua empresa em dois blocos de custos, sendo o primeiro aquele que tem como função produzir e vender produtos ou serviços e o segundo aquele que tem como objetivo controlar o primeiro, qual o tamanho deste segundo bloco frente a seus custos totais? 30%? 50%? Uma grande parte dos blocos de custos das empresas se destina a minimizar o nível de desconfiança sobre o desempenho e a produtividade de seus funcionários, através de ferramentas de controle. Vale a pena analisar se sua empresa, ao longo do tempo, teve um aumento dos custos administrativos (de controle) maior que o aumento das vendas. Isso poderia ser um indicativo de que seu foco está mais no controle do que na própria operação. Um caminho que pode não ser o mais produtivo.

Em uma situação de operação tradicional, “mantando um leão por dia”, é difícil repensar sua forma de operar, apesar de todas as novas ferramentas que a tecnologia já disponibiliza. A crise atual pode estar oferecendo uma grande oportunidade para que as empresas revejam sua estrutura de gestão.

Se alguns dos funcionários estão trabalhando de casa, será que deveríamos continuar tentando controlá-los da mesma forma que antes? Será isso realmente efetivo? Talvez um balanço mais equilibrado entre confiança e controle possa trazer resultados mais produtivos, viabilizando uma grande redução de seus blocos de controle. Não estamos falando em abandonar o controle, mas em repensá-lo, incluindo uma dose de confiança. Confiança e controle não são conceitos contraditórios, são complementares.

Enquanto a confiança aumenta a motivação e o comprometimento de seus funcionários, o controle os mantém no rumo certo. Confiar e controlar. Controlar e confiar. Controle com foco nos resultados e na correção de desvios e não sobre o horário ou os detalhes do dia a dia de seu pessoal. Confiança para fazer com que eles se sintam realmente importantes e, com isso, sejam mais produtivos.

Já se observam empresas do setor aproveitando a oportunidades criadas pela crise e revendo suas estruturas de custos, através da redução da infraestrutura e pensando em investir em mais recursos tecnológicos e nas pessoas. Vale a pena considerar.