As expectativas do setor de serviços para o segmento industrial no curto prazo

Por Carlos Correa & Eduardo Aragon |


A expectativa do setor de serviços é que, no segmento de Óleo & Gás, o Petróleo será o 1º a buscar seu novo ponto de equilíbrio (acima de U$ 30 o barril), voltando gradativamente ao normal até o final do ano (em torno de U$ 50 o barril) impactando fortemente a indústria dos EUA. A expectativa é que haverá paralisação dos desinvestimentos da Petrobras por breve período, sendo normalizado até o final do ano.

Os investimentos privados em O&G deverão ficar em compasso de espera, com retomada até o final do ano.

Já no setor de Energia, como os investimentos são de longo prazo e a crise deve impactar principalmente no curto prazo, eles deverão ficar paralisados até o final deste ano.

O segmento de Química & Petroquímica, assim como as indústrias em geral, deverão sofrer uma grande redução na demanda, inclusive de exportações já que a crise atinge a quase todos os países. A recuperação deverá vir da Ásia, puxada por China e Índia, a partir de 2021. Já os segmentos de Mineração & Siderurgia, com riscos operacionais menores, tem perspectivas de retomada ao longo de 2020.

O consumo deverá voltar ao patamar de janeiro desse ano.

Na contramão de quase todos os demais setores industriais, o segmento de Papel & Celulose continua com forte demanda interna e externa e com os projetos em andamento. Isso se deve à grande demanda de matérias-primas usadas na produção de papéis para fins sanitários e embalagens, entre outros produtos impulsionados pelo Novo Coronavírus. Por ser um segmento mais organizado todas as paradas de manutenção já foram reprogramadas.

Normalmente essas alternâncias de alta e baixa entre segmentos são mais equilibradas do que em época de crise. Mas essa forte demanda no segmento de Papel & Celulose e o relativo equilíbrio em Mineração & Siderurgia, enquanto O&G e Q&P sofrem um forte impacto de redução, reforçam a necessidade estratégica de não colocar “todos os ovos em uma mesma cesta”.

A crise nos força a colocar em prática alternativas que levariam anos para serem implantadas em épocas “normais”. Olhando pelo lado das oportunidades, esse momento duro de baixa também pode ser útil para empresas cuja atividade principal é a prestação de serviços, especialmente frágeis frente à necessidade de grandes desmobilizações. Pode ser o momento de pensar estrategicamente a necessidade de diversificação e de questionar o que pode estar nos deixando dependentes de poucos clientes diminuindo nosso poder de negociação em momentos críticos.