A falta de um canal de comunicação com a Petrobras

Por Carlos Correa & Eduardo Aragon |


Através desse novo canal, a BrainMarket tem procurado apoiar o setor de prestação de serviços industriais na busca de oportunidades nesse tempo de crise. Temos procurado conversar com empresários e executivos do setor, em discussões sobre os benefícios do home office, as oportunidades para uma revisão nas estratégias de gestão ou revisão de suas estruturas de custos já que a saída da crise nos levará a um mundo diferente. Mas o setor não está conseguindo ouvir sobre o futuro próximo. Está com o olhar congelado na falta de definição sobre os contratos que estavam em andamento.

Situação obriga um ‘pit stop’ generalizado

Fazendo uma analogia com uma corrida de Fórmula Um, o Novo Coronavírus obrigou a todos a fazer seu pit stop no mesmo momento. E, na nova largada, os primeiros encontrarão uma pista vazia pela frente. Mas para isso, é necessário aproveitar a parada para avaliar a relação peso-potência para decidir se irão ou não trocar os pneus, qual tipo de pneu usar, limpar ou trocar as viseiras e rever as estratégias da corrida.

No mercado industrial brasileiro, os desafios dessa nova largada serão imensos, e as empresas, principalmente as menores, poderiam estar se preparando para ela. Mas no momento, entretanto, não conseguem pensar em mais nada a não ser nos contratos que estavam em andamento. Principalmente com as grandes contratantes. Principalmente com a Petrobras.

Nas várias reuniões virtuais que temos participado com essas empresas, ouvimos preocupações sobre a indefinição do futuro dos contratos, a necessidade de apoio das associações, possibilidades se de obter financiamento, como garantir os empregos de seu quadro de pessoal e até mesmo sobre como e quando será o pagamento dos serviços prestados antes da crise.

O que fazer frente à crise?

Temos visto preocupações do governo em apoiar as parcelas mais necessitadas da população, vemos o SEBRAE lutar para apoiar as micro e pequenas empresas (Parabéns ao SEBRAE!) e estamos observando os médios empresários, que são responsáveis pelo emprego de uma enorme parcela da população, sem nenhum suporte. Nem mesmo de suas associações.

Sozinhos na reorganização de suas empresas e sem uma perspectiva sobre como ficará sua situação no curtíssimo prazo, resta aos médios empresários buscarem uma atuação conjunta com a formação novas associações na busca de definições sobre o futuro de seus contratos, de negociações conjuntas sobre a antecipação de recebíveis e de retenções contratuais, assim como na elaboração de aditivos contratuais que lhes deem um mínimo de visibilidade do que pode vir pela frente.

O setor sabe que o momento é de insegurança e não quer nada mais do que a abertura de processos de negociação, assim como já acontece entre empresas como a Vale a própria Petrobras e os prestadores de serviço de grande porte.

Ao invés de buscar essa negociação de forma independente, a saída será buscá-la através de uma atuação conjunta que diminua o grande desequilíbrio de forças atual.