Sergipe e suas oportunidades

Por Carlos Correa |


Nos dias 14 e 15 de junho, o Estado de Sergipe realizou o Sergipe Oil & Gas. Um evento que se propôs a lançar luz sobre as oportunidades que surgirão no Estado a partir de 2026 quando a Petrobras começar a enviar para terra o gás natural que será extraído de seus poços próximos às costas de Sergipe e Alagoas. Daqui a 4 anos.

Para que a chegada do gás traga frutos e crescimento ao Estado, será necessária uma infraestrutura de logística, consumo e tratamento que ainda não existe por lá. Será necessário redimensionar sua infraestrutura portuária e suas vias de acesso: tanto terrestres quanto marítimas e dutoviária. E será necessário que existam instalações industriais para receber, tratar, consumir e distribuir o gás.

E só faltam 4 anos.

Instalações industriais de grande porte não se constroem em menos de 2 a 4 anos; instalações de infraestrutura também não. Se considerarmos o prazo mais curto, de 2 anos, estamos no momento exato para que o Estado se mobilize e comece por desenhar um plano diretor indicando onde e como deverão alocadas as instalações necessárias; que empresas contratar para isso e definir como serão os contratos e como serão fiscalizados. Por onde passarão novas estradas? Quais as reformas necessárias no porto existente? As empresas locais têm condições de realizar sozinhas essas reformas ou será necessário que empresas de fora do Estado, ou mesmo do país, tenham que ser mobilizadas? Se sim, é necessário definir locais para essa mobilização.

O desenho de um plano diretor dessa magnitude não se faz de uma hora para outra. É necessário envolver a estrutura pública e seus parceiros da iniciativa privada, além da sociedade local. É um movimento lento, estruturado e que demanda cuidado. E precisa ser liderado pelo Estado de Sergipe para que as oportunidades não lhes fujam das mãos.

Se o desenho e o aprimoramento de plano desses demorar entre 6 e 12 meses, não será surpresa. E, se for assim, somados aos 2 anos de construção, o prazo já está apertado. Se, no pior cenário, a construções das instalações demorarem um pouco mais e chegarem perto dos 4 anos, já estamos muito atrasados.

E só faltam 4 anos.

Obviamente, as montadoras e construtoras locais enxergam na chegada do gás, uma grande oportunidade de expandir e de modernizar seus negócios. Mas para isso, também será necessário se planejar. E, provavelmente, se adaptar às novas condições. Tanto técnicas quanto de estrutura econômica e financeira. Será necessário repensar suas instalações, seu corpo técnico, sua capacidade em inovar e de competir com concorrentes que virão de todos os lados.

Grandes empresas, nacionais e internacionais, que também pretendem se instalar em Sergipe, e aproveitar a chegada do gás, normalmente tendem a privilegiar e contratar as empresas locais. Mas para isso, será necessário que essas mesmas empresas locais estejam em condições de competir com os que virão “de fora”, pois mesmo com a intenção de privilegiar a infraestrutura local, nenhum grande contratante arriscará seus projetos com prestadores de serviço que não estejam preparados no mais alto nível técnico ou mesmo com uma estrutura financeira que seja compatível com os futuros projetos.

Capacitar pessoal especializado também demanda tempo. Tempo e dedicação além de instrutores altamente qualificados.

Se o Estado esperar pela iniciativa dos empresários e os empresários esperarem pelo Estado, sem que nenhum deles tome a iniciativa, vamos ficar vendo o tempo passar. E daqui a pouco, vamos ver passar as eleições, ver a chegada do Natal e depois do Ano Novo.

E, aí, só faltarão 3 anos e meio…