A falta de interlocução da Petrobras com empresários de médio porte pode causar a perda de emprego para mais de 30.000 trabalhadores
Por Carlos Correa & Eduardo Aragon |
Passadas quatro semanas do início das medidas de afastamento social, os empresários de médio porte que prestam serviços para a Petrobras ainda não conseguiram obter nenhum posicionamento da gigante nacional quanto ao que vai acontecer em seus contratos no curtíssimo prazo. Seus gerentes locais, responsáveis pelos contratos, afirmam não ter autonomia de decisão e não abrem nenhum canal de comunicação oficial. Nem sobre o que acontecerá com os contratos, nem sobre como será o pagamento dos serviços já realizados.
Tentando evitar demissões em massa, as médias empresas têm adotado estratégias de férias coletivas, suspensão temporária, redução salarial com redução do horário, mas sempre às cegas. De forma unilateral, enquanto aguardam que a Petrobras se posicione. E até agora nada!
Entendemos que o momento não é claro e não permite nenhum posicionamento de médio prazo. Entendemos também que a Petrobras, além de fortemente afetada pela crise do COVID-19, também sofre com os baixos preços internacionais de petróleo. Entretanto, essa mesma Petrobras tem mantido contato com grandes corporações internacionais que também prestam serviços, na tentativa de negociar os contratos em andamento. Com essas empresas, existem canais de comunicação abertos e estratégias estão sendo construídas em conjunto. Por que não acontece o mesmo com as médias empresas? Será que os 30.000 empregos gerados por elas são de menor importância?
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Situação deixa empresários desamparados
O tempo está passando e os empresários estão sem dormir. Sem uma definição da Petrobras, sentem-se forçados a tomar atitudes mais drásticas, como demissões em massa e até mesmo encerramento de suas atividades. Sem saber como receberão pelos serviços realizados, não sabem se terão como arcar, nem mesmo, com as verbas rescisórias. Serão mais 30.000 desempregados engordando as filas para receber ajuda social do governo.
É mais um duro golpe no setor de serviços de engenharia já tão fragilizado nos últimos anos. E, talvez, de forma irreversível.
Outras grandes empresas nacionais, entre elas a Vale, têm se comportado de maneira bem diferente, parecidas com aquela outra Petrobras que negocia com grandes empresas: entendendo a dificuldade das prestadoras de serviço e discutindo sobre alternativas. O setor não pede nenhum favor, apenas a abertura de canais de comunicação oficiais, por parte da Petrobras, que tenham autoridade para conduzir esse processo tão delicado. É uma questão de assumir suas responsabilidades junto a empresas que há décadas ajudam na construção de seu patrimônio.